7 Mitos Sobre o Veganismo

Apesar de ser um estilo de vida cada vez mais abraçado em Portugal e pelo mundo, alguns aspectos do veganismo continuam a ser bastante incompreendidos pela população em geral. Muitos são os estereótipos, concepções falsas e mitos sobre o veganismo que circulam e se propagam a grande velocidade pela nossa sociedade, nomeadamente através das redes sociais.

Se tens curiosidade em aprender um pouco mais sobre o veganismo, ou se estás a pensar tornar-te vegano, convidamos-te a tirar algumas dúvidas e conhecer a verdade por detrás destes 7 mitos sobre veganismo.

1. Ser vegano é demasiado difícil

Muitas pessoas acreditam que uma vida que exclui completamente qualquer produto ou ingrediente de origem animal, só pode ser uma vida extremamente complicada e desafiante. Claro que tal como acontece com qualquer nova escolha que façamos para as nossas vidas, é natural que possamos demorar algum tempo até nos ajustarmos e sentirmos completamente confortáveis em sermos veganos. No entanto, a maioria das pessoas que fizeram esta transição, afirma que se sente mais feliz, com mais energia e que integra na sua alimentação uma diversidade de alimentos ainda maior do que antes de ser vegan. 

É importante relembrarmos também que ser vegano não se trata de ser perfeito e de não cometer nenhum erro no que toca a eliminarmos 100% do nosso consumo todo e qualquer produto de origem animal. Este pode ser um processo enriquecedor e divertido, com muitas aprendizagens pelo caminho, em que cada progresso em prol do bem-estar dos animais e do planeta é válido e importante, e nos deixa mais próximos do nosso objetivo. E o melhor de tudo, é que existe toda uma comunidade de pessoas veganas com esta mesma visão de mundo que está aí para nos acompanhar nesta nossa jornada!

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Ser vegano pode ser um processo enriquecedor e divertido.

2.O Veganismo não é bom para a saúde

Quando planeada de forma cuidada e seguida de maneira consciente, uma dieta vegana pode ser altamente nutritiva, reduzir o risco de doenças crónicas e ajudar na perda de peso. São, hoje em dia, vários os estudos científicos que sugerem que a dieta vegana pode, por exemplo, melhorar a saúde do coração, proteger contra certos tipos de cancro e reduzir o risco de diabetes tipo 2. Em grande parte, isto deve-se ao facto das dietas veganas tenderem a ser ricas em nutrientes essenciais e pobres em gorduras saturadas.

É certo que quem segue uma alimentação vegana deve ter o cuidado de monitorizar com certa frequência os níveis de alguns nutrientes mais facilmente encontrados numa dieta omnívora, como é o caso da vitamina B12 ou de minerais essenciais como o cálcio ou o ferro. Ainda assim, à excepção da vitamina B12 (cuja obtenção é possível, se necessário, através de suplementos ou alimentos fortificados), todos os restantes minerais, vitaminas, proteínas, hidratos de carbono e gorduras essenciais ao bom funcionamento do corpo humano podem ser encontrados em alimentos de origem vegetal.

3. O Veganismo não é adequado para recém-nascidos e crianças

Os primeiros anos de vida de uma criança constituem uma excelente oportunidade para lhe incutir bons hábitos alimentares. Se é verdade que muitos pediatras e pais são unânimes em reconhecer a importância de uma dieta que contenha frutas e vegetais para o bom desenvolvimento das crianças, existe igualmente toda uma controvérsia no que toca à adoção do veganismo ou do vegetarianismo estrito por parte de bebés ou crianças. 

A verdade é que existem estudos que comprovam que uma alimentação vegana equilibrada e saudável, desde que devidamente planeada, é adequada em qualquer fase do ciclo de vida, incluindo a infância, a adolescência, a gravidez, a lactação, e a terceira-idade. No que diz respeito aos bebés e crianças, é importante monitorizar regularmente os níveis de ferro, zinco, vitamina b12, cálcio, vitamina D e ácidos gordos essenciais EPA/DHA de modo a garantir um desenvolvimento físico e mental saudável. Se tens filhos e gostarias de alimentá-los com uma dieta à base de plantas, dá uma olhada neste guia muito completo sobre alimentação para bebés e crianças vegetarianas elaborado pela Sociedade Vegetariana Brasileira.

Sugerimos que igualmente consultes o E-Book – Alimentação Vegetariana para Grávidas, Bebés e Crianças. Publicado em Setembro pela AVP, constituí um guia prático para as famílias que querem saber mais sobre alimentação vegetariana adaptada a grávidas, bebés e crianças.

4. A necessidade de suplementação é algo exclusivo dos veganos

Ao contrário do que muitos podem pensar, a deficiência de vitaminas e minerais essenciais não é um problema exclusivo daqueles que optam por uma alimentação de base vegetal. Infelizmente, os nossos atuais sistemas de produção alimentar altamente industrializados, fazem com que seja cada vez mais difícil conseguirmos satisfazer completamente as nossas necessidades nutricionais através da alimentação – quer sejamos veganos, vegetarianos ou omnívoros. São cada vez mais as pessoas, que constatam, ao fazerem análises clínicas, que existem certas carências nutricionais no seu organismo. E isso não tem que ver com o facto de serem veganas ou não, mas sim com a maneira como introduzem ou não uma diversidade completa de alimentos nas suas dietas.

No caso dos veganos, ou seja, de quem segue uma alimentação estritamente vegetariana, efectivamente existe uma necessidade de suplementação de Vitamina B12, o único micronutriente que não está presente naturalmente numa alimentação 100% isenta de produtos de origem animal. A Vitamina B12 é produzida por microorganismos presentes no solo ou no intestino de animais, e não há nenhum alimento de origem vegetal que seja uma fonte fiável de vitamina B12. Assim sendo, torna-se importante os veganos consumirem produtos fortificados em B12 (ex. bebidas vegetais), ou, idealmente, tomar suplementos de vitamina B12. Podes ver como assegurar esta necessidade aqui.

Mas, conforme explica a nutricionista Sandra Gomes Silva, isto não faz com que a alimentação estritamente vegetariana (ou vegana) seja algo menos natural ou menos adequada, pois não há nenhum padrão alimentar que elimine completamente o risco de défices nutricionais ou a necessidade de suplementação, e até mesmo os adultos acima dos 50 anos devem sempre suplementar a vitamina B12, independentemente da sua alimentação, devido à redução da capacidade de absorção da vitamina com o avançar da idade.

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A suplementação deve ser individualizada e ajustada às necessidades de cada indivíduo.

5.Ser vegano é coisa de gente rica

Quando pensamos em dar o salto para uma dieta estritamente vegetariana ou vegana, alguns de nós podemos achar que cortar com o consumo de carne, peixe e outros alimentos de origem animal vai fazer com que tenhamos que investir muito mais dinheiro em outros alimentos de maneira a satisfazer todas as nossas necessidades nutricionais. Esta ideia é realmente um mito que precisa ser desconstruído, pois na realidade, as refeições à base de alimentos 100% vegetais podem e tendem a ser mais económicas do que as refeições omnívoras. 

Os principais alimentos que constituem uma dieta vegana, como vegetais, frutas, leguminosas, sementes, oleaginosas, cereais, ervas aromáticas, azeite ou especiarias podem ser encontrados no mercado a preços acessíveis. Alternativas proteicas que correspondam a alimentos processados, como chouriços vegetais e hambúrgueres, podem encarecer um pouco o budget de compras de um vegano, mas estas podem facilmente ser substituídas por outras alternativas ou por leguminosas, que são em geral bastante económicas. A terra dá-nos realmente tudo o que precisamos para nos nutrirmos, e esta é uma das mais bonitas experiências que um vegano pode fazer ao longo do seu percurso, sem precisar de estourar a sua conta bancária!

6.Os atletas de alta competição não podem ser vegan

Muita gente assume que se não consumirmos alimentos de origem animal, especialmente carne, o nosso rendimento físico será negativamente afetado, e que em consequência, os atletas precisam obrigatoriamente de consumir proteína animal para se destacarem no mundo do desporto. Mas o que observamos na realidade é algo bem diferente. Do futebol ao ténis, passando pelo boxe ou pela musculação, muitos são os atletas de alta competição que decidiram adotar uma alimentação vegana e que consideram que os resultados desta mudança nas suas vidas e no seu rendimento desportivo são extremamente positivos. 

Se praticas desporto e queres investigar um pouco mais sobre como é possível conciliares a tua prática desportiva com uma alimentação de base vegetal, recomendamos que consultes o E-Book – Alimentação Vegetariana & Desporto, publicado pela AVP, com tudo o que precisas de saber sobre os princípios de uma alimentação vegetariana saudável caso sejas atleta ou pratiques desporto.

Poderás também ler o artigo Alimentação Vegetariana e Desporto: 5 dicas importantes e que assistas ao documentário The Game Changers, que demonstra através de provas científicas, como obter proteína vegetal suficiente é accessível a qualquer desportista e pode facilitar níveis de desempenho e saúde optimais.

7.Uma vida vegana é aborrecida e cheia de restrições

É fácil cair no pressuposto de que quando nos tornamos veganas(os), as nossas vidas passam a ter uma série de restrições que fazem com que o nosso dia-a-dia seja mais aborrecido. O que vai ser dos nossos almoços em família ou dos nossos jantares com amigos se não podemos comer carne nem peixe? Será que temos que deixar de ter uma vida social para sermos vegan? E aquelas comidas que gostamos tanto de consumir de vez em quando como hambúrgueres, lasanhas ou certas sobremesas? Muitas pessoas desistem da ideia do veganismo ao se colocarem questões como estas. Não saberão elas o quão rica, variada e deliciosa pode ser uma alimentação vegana!

Com tantas opções de alimentos disponíveis (na verdade todas, excepto produtos de origem animal) é apenas preciso um pouco de curiosidade, motivação e criatividade, para que em poucas semanas ou meses, um recém-vegano pode tornar-se num verdadeiro chef e dar a conhecer pratos extremamente saudáveis e saborosos aos seus amigos e família. E para aqueles que não se querem privar de uma refeição fast-food ou de um prato típico de vez em quando, existem, felizmente, muitas versões 100% à base de vegetais para pratos tipicamente omnívoros, como é o caso dos hambúrgueres, lasanha ou até do cozido à portuguesa… a verdade é que não param de aparecer no mercado novos produtos veganos para todos os gostos!

Artigo de Tatiana Abreu

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